Após a renúncia do presidente Jânio Quadros, alegando estar sofrendo o ataque de ''forças terríveis'' (EUA-UDN), os três comandantes das três forças armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica), declararam que não permitiriam a posse do vice-presidente, João Goulart, e que o prenderiam quando ele retornasse de sua viagem oficial que fazia à República Popular da China. Cumprindo mais uma agenda da política de vanguarda internacional, que primava pela auto-determinação e soberania dos povos.
Tinham rasgado a constituição democrática de 1946. Estava dado o golpe. As mesmas forças reacionárias e anti-nacionais que levaram ao suicídio Getúlio Vargas, por fim poderiam triunfar, impedindo seu maior herdeiro de assumir o poder. A ilegalidade estava feita justamente por aqueles que juraram defende-la.
O povo brasileiro consciente do crime de lesa-pátria que era rasgar nossa Carta-Magna saiu as ruas para defender a constituição. Esse movimento ficou conhecido como Movimento da Legalidade.
Porto Alegre se transformou na grande cidadela da resistência, desde o primeiro momento. O governador Leonel Brizola fez de tudo para defender a Legalidade. O Marechal Henrique Teixeira Lott, militar legalista que honrou as tradições democráticas de nossas forças armadas, ex-ministro da Guerra (atualmente chamado ministro da Defesa), lançou um manifesto em defesa da constituição:
''Tomei conhecimento, nesta data, da decisão do Sr. ministro da Guerra, marechal Odílio Denys, manifestada ao representante do governo do Rio Grande do Sul, deputado Rui Ramos, no Palácio do Planalto, em Brasília, de não permitir que o atual presidente da República, Sr. João Goulart, entre no exercício de sua função e , ainda, de detê-lo no momento em que pise em território nacional. Mediante ligação telefônica, tentei demover aquele eminente colega da prática de semelhante violência, sem obter resultado. Embora afastado das atividades militares, mantenho compromisso de honra com a minha classe, com a minha pátria e com as instituições democráticas e constitucionais. E por isso sinto-me no indeclinável dever de manifestar o meu repúdio à solução anormal e arbitrária que se pretende impor à nação. Dentro dessa orientação, conclamo todas as forças vivas no país, as forças da produção e do pensamento, os estudantes e intelectuais, os operários e o povo em geral para tomar posição decisiva e enérgica pelo respeito à Constituição e preservação integral do regime democrático brasileiro, certo ainda de que meus nobres camaradas das Forças Armadas saberão portar-se à altura das tradições legalistas que marcam a sua história nos destinos da pátria.'' Marechal Henrique Teixeira Lott 26 de agosto de 1961
Brizola e o povo gaúcho foram os grandes responsáveis por reverter o golpe no Brasil.
A Legalidade (depois o movimento pelas Diretas Já), foi o maior movimento popular de resistência ao golpe militar no Brasil. Foi o último levante gaúcho em defesa do Brasil, da democracia, e da Constituição.
João Goulart, gaúcho missioneiro, nascido nas barrancas do rio Uruguai. Foi o maior presidente da história do Brasil. O pacifista, conciliador e revolucionário. O único presidente que realmente foi nas raízes dos problemas estruturais do país. Um verdadeiro democrata e um autêntico nacionalista.
Jango foi o presidente que de fato apresentou uma terceira Via para um mundo dominado pela bipolaridade entre capitalistas e "comunistas'' (capitalismo de Estado). Suas reformas estruturais e nacionalistas pretendiam humanizar um sistema desumano.
Diante de um golpe orquestrado pelos Estados Unidos (CIA) junto com a burguesia anti-nacional, a grande Mídia e milicos traidores, preferiu o exílio (e a morte) ''a derramar o sangue de compatriotas inocentes''como única forma de se manter no poder.
Representa junto com Salvador Allende, presidente de Chile, a autêntica soberania dos povos criollos y hermanos. Mártires da democracia e da legalidade.
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