Billy The Kid Mais de 120 anos de mistério
Leia no rodapé sobre a fabulosa quantia paga pela única foto do jovem pistoleiro
| Que mistério tão grande é esse que envolve a morte do mais jovem e afamado pistoleiro há mais de 120 anos? Para os fundadores do museu Billy The Kid em Silver City, o homem morto pelo xerife Pat Garret é William Bonney; para o escritor W.C. Jameson, existem muitos pontos a serem esclarecidos; poderia ser Brushy Bill Roberts? Para Tom Sullivan e Steve Sederwall, deveria se fazer teste genético para saber a verdade; e para o editor Alan Boyle, o caso foi encerrado, sem se ter a resposta...E o mistério vai continuar, alimentando ainda mais a lenda do mais famoso fora-da-lei que cavalgou nas pradarias do Velho Oeste. |
Em 23 de novembro de 1859, na cidade de New York, nasceu aquele que entraria definitivamente para a história do chamado Velho Oeste como um dos mais afamados fora-da-lei de todos os tempos. Ele recebeu o nome de Henry McCarty, mas iria entrar para a história como William Bonney, o temido Billy The Kid. Dos personagens reais do Oeste americano, cujas histórias sobre eles contadas ao longo de quase ou mais de uma centena de anos, acabaram sendo distorcidas e, por isso mesmo tornaram-se lendas, os mais famosos são Wyatt Earp e Wild Bill Hickok (dois homens da lei) e Jesse e Frank James (os imãos bandidos). Porém, apesar da sua curta e conturbada existência, Billy The Kid é o mais lendariamente famoso. Ainda criança, perde o pai e sua mãe, Catherine McCarty, muda-se com ele e o irmão, Joseph, para Indiana, onde casa-se novamente com um tal de Bill Antrim. Catherine então passa a assinar o sobrenome Antrim, o que aumentou ainda mais as distorções sobre “a lenda”. Billy passou a ser chamado por Kid Antrim ou William Antrim Jr. Mas o que acabou ficando mesmo, além do apelido, foi o nome William Bonney, que pelo menos até esta matéria, ninguém sabe a procedência.
Surge o Billy The Kid
A mãe e o padrasto do jovem Henry mudam-se constantemente. Primeiro para Wichita (Kansas), depois Santa Fé e finalmente Silver City (Novo México) onde a mãe de Henry adoece e morre. Ele tinha então 14 anos de idade. Sem a mãe, Henry entra para a delinqüência. Em Silver City é preso, acusado de roubo, mas foge da prisão e vagueia pelos desertos americano e mexicano praticando furtos de cavalos. Já estava se delineando no horizonte entrecortado pelas montanhas do Velho Oeste a história daquele que, em apenas 7 anos se tornaria o mais afamado fora-da-lei dos EUA. Três anos após a fuga da prisão de Silver City, já com 17 anos de idade, ele vai praticar seu primeiro homicídio no Arizona. Um ferreiro foi sua vítima. Henry McCarty já não existe mais. Ele saiu de cena para a entrada de Billy The Kid a partir de então. Após o assassinato, ele foge para o Novo México e dedica ali sua atenção aos furtos de cavalos e mimo às mulheres, com quem adquire boa popularidade. No Condado de Lincoln arruma emprego na fazenda dos Tunstall onde cria forte amizade com o proprietário. Parecia que Billy, o garoto, ia parar por ali, mas seu destino continuaria sangrento...
A Guerra dos Reguladores
Em 1878 numa disputa por posses de terras entre os Tunstall e outro fazendeiro da região, Jonh Tunstall é assassinado. Tomado por forte desejo de vingança, Billy une-se a um grupo de pistoleiros intitulado "Os Reguladores" e jura caça aos culpados pela morte de seu estimado patrão. Os Reguladores espalham pânico e terror na região executando sumariamente todos os suspeitos da participação naquela disputa de terras. Billy então embosca o xerife Brady e seu auxiliar, e juntamente com Os Reguladores, vinga-se da morte de Tunstall. Agora a guerra continua com a participação de forças militares contra Os Reguladores culminando num longo e sangrento episódio conhecido com a Batalha de Lincoln. Billy escapa ileso e agora, sem o amigo que talvez tivesse evitado que ele continuasse na senda de crimes, forma novo bando e volta a roubar gados na região.
O Fim do Fora-da-Lei
A partir de então entra em cena outra figura, só que, antagônica à de Billy The Kid. Era o xerife Pat Garret (foto), do Novo México, que após fracassar num primeiro confronto com Billy The Kid, finalmente em 14 de julho de 1881 surpreende-o num rancho do Fort Summer, matando-o a "queima-roupa". Hollywood não perdeu a oportunidade de fazer vários filmes sobre Billy The Kid, desde a era do cinema preto e branco. O mais recente, que evoca a lendária figura, foi o Jovens Pistoleiros, que teve uma sequência com Jovens Demais para Morrer. Mas nenhum dos filmes até hoje contou uma história mais próxima da realidade do jovem pistoleiro. A saga de Jesse James já foi melhor retratada pelo cinema e filmes sobre Wyatt Earp e seu duelo no OK Corral, são repetidos à exaustão.
A História não havia terminado ainda...
Talvez sejam os relatos controversos sobre Billy The Kid, pois se for isso, realmente eles o são bastante. Uma história dá Pat Garret como “amigo” de Billy, matando-o à traição. Isso confirmaria o “queima-roupa” acima relatado, pois como um bandido com a fama de Billy iria deixar que um xerife se aproximasse tanto dele para atirar de perto? Outras histórias – e estas ainda mais confundidas pelos filmes feitos, ora mostram Billy The Kid como herói, ora como bandido. Fica difícil saber a verdade e, não bastasse isso, outra história diz que Billy não morreu, que fugiu para Hico, no Texas, onde morreu de morte natural em 1950, com 91 anos de idade, o que lhe daria 70 anos a mais de vida. Mas como isso poderia ocorrer? Como o perigoso fora-da-lei conseguiu viver pacatamente por 70 anos após sua tumultuada vida de crimes? E talvez por isso as autoridades do Novo México e do Texas, nos Estados Unidos, tentaram realizar, a partir de 2000, exames genéticos para resolver a polêmica envolvendo a verdadeira identidade de uma das maiores lendas do Velho Oeste. Os exames , segundo a mídia, seriam feitos nos restos mortais da mãe de Billy, Catherine Antrim, morta em 1874, e nos de Brushy Bill Roberts, que morreu em 1950, dizendo ser o verdadeiro “Kid”. Os laboratórios Los Alamos e Sandia – duas das mais respeitadas instituições científicas dos Estados Unidos – foram mobilizados para determinar se o tiro do xerife matou o verdadeiro Billy the Kid. No entanto, para Lula Sweet, diretora do Museu Billy the Kid, no Novo México, a história original não será alterada. “Brushy Bill é uma fraude”, afirma. O professor e historiador Paul Hutton concorda. “Pat Garret matou Billy em 1881, em Fort Summer”, garante e defende sua tese que faz de Billy quase um herói, enquanto a polícia do Novo Mexico considera Garret como o herói... "Ele é comparado à figura de Robin Hood, pois defendia rancheiros e pequenos fazendeiros dos xerifes corruptos da região”, diz Hutton, da Universidade do Novo México. “Os americanos amam a figura rebelde que ele representa e sua idéia de luta por justiça.” O xerife Pat Garret, que matou Billy The Kid não se sabe com que estratégia, se tornou herói. Seu rosto até hoje está bordado nos uniformes dos policiais do Novo México.
Confuso e misterioso
Complicado, não? Se Billy era tido como herói, como fica o xerife que o matou então? Os americanos também vêm Jesse James como herói...Mas isso não é prerrogativa deles, já que aqui no Brasil, para muitos, Lampião também era o herói. Mas difícil ver atos heróicos em Billy The Kid, um dos mais ativo e respeitado fora-da-lei da região compreendida entre o sudoeste americano e norte mexicano. Entre as várias histórias sobre ele, algumas relatam seu envolvimento em dezenas de tiroteios, mais de 20 homicídios, fugas espetaculares e até na liderança de um bando de assassinos em uma guerra particular no Novo México. E, para por mais lenha na fogueira sobre Billy The Kid, cuja morte tem sido discutida já por mais de 100 anos, o juiz que ia autorizar a exumação do corpo da mãe do bandido adiou a audiência em 2007, sobre o pedido de dois xerifes que pediram a permissão na Justiça para coletar DNA dos restos de Catherine Antrim para comparação de material genético que esperavam obter de um corpo enterrado na suposta sepultura de Kid, em Fort Summer. As análises deveriam ser comparadas também com o material de Ollie "Brushy Bill" Roberts, o texano que morreu em 1950 alegando ser o verdadeiro fora-de-lei. Uma outra tentativa, caso os técnicos consigam localizar os restos, será obter DNA do irmão de Kid, Joseph Antrim.
Quem é quem, afinal de contas?
A advogada do xerife, Sherry Tippett, disse que pediu o adiamento porque seu especialista judicial, James Starrs, professor da Universidade George Washington, precisava de vários meses para preparar seu relatório. Não foi isso, como lê-se acima. O juiz resolveu adiar, talvez pressionado por "forças ocultas", como diria nosso Jânio Quadros, e adiado ficou, definitivamente. . Um júri sobre a morte de Billy já havia concluido, ainda em 1881, que o xerife Pat Garrett matou William Bonney, também conhecido como Billy the Kid, em julho desse mesmo ano. Ollie "Brushy Bill" Roberts, que alegava ser Billy the Kid, disse que a morte de 1881 havia sido forjada com um outro corpo. Se isso for verdade, de acordo com o xerife Tom Sullivan, do condado de Lincoln, seu predecessor pode ter matado o homem errado e tentando esconder o fato. Oficiais de Silver City dizem duvidar que tal farsa pudesse ter funcionado. Mas um livro de W.C. Jameson, lançado em 2005 nos EUA, sob o título Billy The Kid: Beyond The Grave, também colocava em dúvida várias partes da história sobre a morte do fora-da-lei, deixando no ar a pergunta que certamente jamais será respondida: afinal, foi Billy The Kid quem Garret matou, ou não?
Caso encerrado...Será?
Alan Boyle editor de Ciência, em seu site www.msnbc.msn.com, sob o título: Billy The Kid: Caso Encerrado, mostra que apesar dos esforços legais do xerife Tom Sullivan e do prefeito Steve Sederwall, que antes fora delegado do xerife, em ter os restos mortais da mãe do bandido exumados para testes genéticos, venceu a oposição feroz de funcionários da cidade onde, se julga, esteja sepultado o corpo de Billy. Segundo as duas autoridades, seria a reabertura de um caso de 123 anos! Trish Saunders, que se opôs à exumação, como co-fundadora do Billy The Kid Historic Preservation Society, disse que os magistrados podem ter decidido que o esforço já não vale a pena..."Eu acho que tudo isso apenas provocou um embaraço agudo para eles (os xerifes), e finalmente perceberam isso", disse ela. Em um comunicado à imprensa, Saunders elogiou o desenvolvimento judicial do caso como "uma vitória do bom senso...Este é um dia ótimo para quem aprecia a maravilhosa história do oeste americano", disse ela. "Nós simplesmente não estávamos indo sentar e deixar um marco da história ser desfeito apenas para uma breve centelha de publicidade", concluiu.
Túmulos
Acima, os túmulos de Billy The Kid, em Fort Summer, e da sua mãe, em Silver City. Para a maioria dos cidadãos do Novo Mexico e para a Sociedade de Preservação Histórica de Billy The Kid, a história foi encerrada realmente em 1881, com a morte dele pelo revólver do xerife Pat Garret. E os túmulos, silenciosos, parecem concordar com eles.
Fontes: Jornal Folha de São Paulo/Uol, site de Alan Boyle, W.C. Jameson (Billy The Kid: Além da Sepultura), Editora Brasil América, The Old Corral e várias anotações em mais de 5 anos para compor a matéria.
NOVIDADE
O único retrato comprovadamente autêntico do célebre criminoso americano Billy the Kid, foi arrematado por US$2,3 milhões (3,7 milhões de reais) em um leilão nos Estados Unidos pelo colecionador William Koch. Ele pagou seis vezes mais do que os leiloeiros esperavam. A fotografia de Billy the Kid teria sido tirada entre 1879 e 1880 em Fort Summer, no Novo México, perto do local onde ele seria morto em 1881. No retrato, Billy olha diretamente para a câmera enquanto descansa a mão sobre um rifle Winchester. A casa de leilões Brian Label, de Denver, descreveu a foto sépia, de cinco por oito centímetros, como um representação clássica de um cowboy fora-da-lei do Velho Oeste. "Só existe esta foto de Billy the Kid e acho que é por isso que ela cativa tanto a imaginação das pessoas", disse a porta-voz da casa de leilões, Melissa McCracken. A foto foi tirada por um retratista anônimo, que fez quatro cópias, restando apenas essa que foi comprada por Koch. Ela foi dada pelo próprio Billy ao amigo Dan Dendrick e a família deste a guardou por esses 130 anos. A foto é a que publicamos acima, no texto sobre a Guerra dos Reguladores. - Fonte: Jornal Diário do Comércio-SP - Junho de 2011
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